Nosso herói surge novamente. Francis Bacon faz mais uma de suas aparições, porém, não com tanto "sucesso" como da última vez. (Confira aqui a história anterior baseada em fatos reais de Fracins).
Um belo dia após expediente de trabalho resolvi chamar a namorada, as amigas dela, e reunir com os meus amigos em casa. Me pareceu um plano perfeito para fechamento de "times", mas antes disso, uma oportunidade das pessoas se conhecerem e aumentarem o círculo de amizade.
Francis Bacon e Capitão Silva foram os primeiros a chegar. Estava estampado na cara a satisfação e o questionamento de ambos pela expectativa de conhecer as meninas. Não questiono, mesmo porque ambos sofrem por longos períodos de seca similares àqueles episódios severos da região nordeste de nosso país.
Começamos a tomar uma cervejinha, preparamos um narguile caprichado e deu-se inicio a noite. Logo as meninas chegaram, todas lindas, cheirosas e bem arrumadas. Todos se apresentaram animados com o bom momento de diversão do final de semana. Foi quando o problema surgiu de imediato. Olhei para Francis Bacon e ele já estava com aquela cara de abestado. Boca levemente aberta com um resquício de baba ao canto. Um olhar desconfortável para baixo, tímido, com leves direcionadas para ela, Anita (nome fictício para proteger a integridade da moça).
Foi questão de poucos minutos e logo Francis veio me perguntar: "- Quem é essa Deusa amiga da sua namorada?". Meio sem entender de imediato, pois já havia apresentado ambos, respondi: "- Anita".
Anita, menina divertida, 27 anos, pessoa de boa família, animada, parceira e trabalhadora. Como é seu jeito natural começou a brincar (como todo mundo). A cachaça começou a subir e logo se iniciaram as piadas e zoações que envolviam sexo. Foi quando Anita fez uma dessas brincadeiras direcionadas ao Capitão Silva. Nesse exato momento lembro-me de ter reparado a cara espinhenta de Francis Bacon inchar e ser dominada por um forte tom vermelho. Não pude conter os risos....
Foi então que Francis Bacon começou a agir de maneira estranha. Toda vez que encontrava uma oportunidade me questionava de um jeito similar ao que meus amigos do ensino médio costumavam questionar, isso 13 anos atrás. Alguns pontos abordados por Francis que me lembro com clareza:
"- Ow! Eu animo ali hein! Será que ela me pega?"
"- Cara! Muito gata... Ow! Estou apaixonado!"
"- Ow, me ajuda ai, fala com sua namorada, ajeita ela para mim!"
"- Ali eu caso hein!"
"- O que eu faço?"
Francis Bacon parecia um completo retardado não falando coisa com coisa. Normalmente ele se comporta de maneira extrovertida sempre brincando e falando besteiras, mas começou a se silenciar. Para quem não o conhecesse poderia dizer através do contato que ele desempenhava nesse momento todos os sintomas de uma pessoa com síndrome de down. Nenhum preconceito sobre o quadro clínico, muito pelo contrário, mas eram características totalmente opostas às de Francis.
Sugeri que Francis se sentasse ao lado dela na mesa após uma mijada. Ele o fez, porém continuou agindo como um retardado mental nesse outro pedaço de espaço.
Anita começou a ficar mais embriagada. Como sempre, quando alcança esse estado fica com sono e logo vai embora. Dessa vez tinha vindo de carona com outra amiga, então me pediu que a levasse. Como Francis havia me pedido para ajudá-lo, o chamei de canto e disse para ele sumir também, já que era tarde e assim aproveitaria para dar carona à moça. Francis ficou muito entusiasmado, como se tivesse ganho o melhor presente de sua vida e foi contente.
Foi quando a pergunta de um milhão de dólares surgiu, Francis Bacon me questionou:
"- Eu tento beijá-la quando ela for descer do carro?"
"- Eu tento beijá-la quando ela for descer do carro?"
Juro por tudo que é mais sagrado que, minha vontade era dar um tapa na orelha dele. Vinte e cinco anos de idade, homem formado, cara bacana, agindo anos luz atrás de um adolescente. Me segurei, e em seguida respondi:
"- Cara! Você agiu como um imbecil a noite inteira e não fez contato nenhum que abrisse tal liberdade. Acho que seria a coisa mais podre do mundo chegar do nada que nem um otário e tentar beijar a guria de surpresa.. Mas, se você acha o certo, faz o que imagina ser melhor."
O final desse primeiro episódio nem preciso descrevê-lo, né? Francis me ligou para contar que não fez nada, e o pouco que imaginou fazer chegando perto da casa de Anita deixou sua pernas trêmulas, as pregas frouxas e as mãos também tremendo freneticamente. O gentil taxista a liberou com educação e respeito. Havia então, em sua cabeça, conhecido o amor de sua vida.
(Continua)
Julio Furlaneto
Nenhum comentário:
Postar um comentário